HISTORIA DO BAIRRO VILA INDUSTRIAL E SAO BERNARDO – PARTE II
Com a chegada da Cia Paulista de Estradas de Ferro, em 1872, era necessário construir residências para seus operários.
Após a transferência dos cemitérios existentes da Vila Industrial para o chamado “fundão”, atual cemitério da saudade, as primeiras residências construídas para seus operários foram efetivadas neste local (Figura 1) (RODRIGUES, 1997).
Na planta da cidade de Campinas de 1916 aparecem as primeiras quadras na rua Francisco Theodoro próximas a avenida João Jorge das casas dos operários da Cia Paulista e as quadras na outra extremidade das casas dos operários da Cia Mogiana (Figura 2).
A Vila Industrial foi o primeiro bairro a se diferenciar da área central, abrigando inicialmente os operários e trabalhadores das estradas de ferro e mais tarde a população de menor renda que se deslocou com a valorização imobiliária das áreas centrais. (SEMEGHINI, 1991, p.121).
Em 1909, a Cya Mogianna de Estradas de Ferro se instala ao lado da Cia Paulista, o que requer a construção de novas moradias.
A ligação entre estas casas operarias era feita pela avenida Salles de Oliveira, porém constantemente ficava interrompida por uma erosão chamada popularmente de “vossoroca”, hoje praça José Biscola, que pode ser vista no mapa de Campinas de 1900 (Figura 3).
Apesar disto, a avenida Salles de Oliveira sempre foi o principal eixo da Vila Industrial, por onde também passou os bondes. Seus trilhos foram retirados na década de 1960 (Figura 4).
As demais construções surgiram em função dos cortumes, matadouro, hospital, e demais industrias.
O casario da Vila Industrial foi construído dentro do período eclético na arquitetura brasileira e possuíam, na sua maioria, apenas andar térreo com poucos sobrados, destacando-se o da esquina da rua São Carlos com a Sales de Oliveira (Figura 5).
O bairro Parque Industrial foi projetado em 1925 por Luiz Antonio Waack e o empreendimento feito por Banhola de Oliveira & Cia (PREFEITURA, 2018).
Na planta da cidade de Campinas 1929, o bairro Parque Industrial já aparece com edificações e também constam o bairro São Bernardo e a avenida das Amoreiras (Figura 6).
Na década de 1940, surge a Vila São Bernardo. Foi uma opção para a classe trabalhadora uma vez que o bairro Vila Industrial já estava saturado. Teve sua expansão na década de 50 e foi asfaltado em 1955 (Figura 7).
A partir da década de 50, a avenida das Amoreiras tornou-se um eixo de grande crescimento da cidade, passando pelos bairros até a via Aguangüera, que a partir daí ligava Campinas com a cidade de São Paulo e com a região de Vira-Copos e Campo Grande.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
LAPA, José Roberto do Amaral. “A Cidade os Cantos e os Antros”. São Paulo: Edusp, 1995.
MELLO, Fernando Figueira de. Formação Histórica de Campinas: Breve Panorama. In: Subsídio para a discussão do Plano Diretor. Campinas: Prefeitura Municipal, 1991.
MENDES, José de Castro. Efemérides Campineiras 1739-1960.Campinas: Palmeiras, 1963.
PREFEITURA DE CAMPINAS. Secretaria Municipal de Planejamento e Urbanismo – Departamento de Informação, Documentação e Cadastro, 2018.
RODRIGUES, Ana A. Villanueva. “Preservação como Projeto: Area do pátio ferroviário central das antigas Cia Paulista e Cia Mogiana – Campinas – SP”. São Paulo: Dissertação de Mestrado, FAU-USP, 1997.
RODRIGUES, Ana A. Villanueva. “Campinas fin-de-siècle”, 2004. In: I Congresso Internacional de História Urbana: CAMILLO SITTE e a circulação das idéias de estética urbana, europa e américa latina: 1880-1930.Agudos: Cultura Academica, FAPESP, UNESP, FAAC, ISAV, USC, 2004. Disponível em: https://www.arquiteturacomvillanueva.com
SEMEGHINI, Ulisses C. “Do café à indústria: uma cidade e seu tempo”. Campinas: Editora da Unicamp, 1991.
Muito legal a figura 1. Dá pra ver a cerca em da ferrovia, nessa época o acesso ao outro lado era pela area do viaduto Cury, ou ja tinha o tunel de pedestres?
Nathalia, nesta época (século XIX) o acesso era feito por uma porteira chamada de “porteira do capivara”que ficava onde hoje é o viaduto Cury, e a partir de 1918 foi aberto o túnel de pedestres na rua Lidgerwood ao lado da estação que chega no final da rua Francisco Teodoro e que existe até hoje