CINE CASABLANCA NA VILA INDUSTRIAL
O cinema foi a atividade de cultura e entretenimento mais procurada na primeira década do século XX, em Campinas, com diversas salas no centro urbano.
Além do grande do público por esta atividade também era notório interesse pela produção cinematográfica, pois Campinas teve uma produção de 5 filmes, entre 1923 e 1927 (VASCONCELLOS, 2012, p. 106).
Em 1897, apareceu pela primeira vez em Campinas o cinematógrafo em um espetáculo classificado como de “magia elegante”. Este aparelho havia sido aperfeiçoado a pouco tempo pelos irmãos franceses Luiz e Augusto Lumière, em 1895 (LAPA, 1995 p. 31).
O primeiro cinematógrafo de Campinas foi montado no Teatro São Carlos, situado na antiga praça do teatro, atual praça Rui Barbosa, e com a chegada do cinema este espaço passou a ser chamado também de “Cine Fox” (SESSO JUNIOR, 1970 p. 317).
O antigo “Cine Bijou” foi inaugurado em 27 de março de 1909, com a apresentação de um trecho da ópera “Tosca”. Ele se situava à rua Barão de Jaguara, no antigo numero 23, e apresentava enredos de óperas que haviam penetrado nos estúdios de cinema (SESSO JUNIOR, 1970 p. 315).
Em 1910 foi inaugurado o Teatro Carlos Gomes, na rua Bernardino de Campos em frente à praça Antonio Pompeu, e foi utilizado inicialmente como teatro, porem instalou um cinematógrafo e passou a ser utilizado como cinema (SESSO JUNIOR, 1970 p. 319).
O Cine Recreio localizava-se na esquina da rua Dr. Quirino com rua Cesar Bierrenbach e foi inaugurado em 8 de maio de 1909. Dois anos depois, em 2 de agosto de 1911 ele desabou. O “Cine Repúplica” ficava na praça da “matriz nova”, atual José Bonifácio e desapareceu depois de um incêndio em 1944 (FIGURA 1) (SESSO JUNIOR, 1970 pp. 310 e 321).
O “Rink Campineiro” teve dois edifícios, o primeiro foi inaugurado em 22 de junho de 1878, com a presença de 800 pessoas, e abrigava várias atividades entre elas a patinação, banda de música, teatro de variedades, operetas, revistas, comédias, dramas, bailarinos, ilusionistas (Figura 2) (LAPA, 1995 p. 153).
Em 1906 passou por reformas para adaptação ao Cine-teatro, passando a se chamar “Teatro-Rink” e começou a exibir películas de curta metragem. Seu último espetáculo foi em 1939 com a noite denominada de “festa da saudade” (SESSO JUNIOR, 1970 p. 306 e 331).
O segundo prédio do Rink foi inaugurado em 31 de julho de 1940, localizado na rua Conceição esquina com rua Barão de Jaguara (Figuras 3 e 4). Na tarde de domingo do dia 16 de dezembro de 1951 o telhado deste prédio desabou fazendo centenas de vítimas (SESSO JUNIOR, 1970 p. 308).
Na década de 1950, ocorreu a aceleração da implementação da 1afase do “Plano de Melhoramentos Urbanos” (1936-1955), elaborado pelo engenheiro-arquiteto Francisco Prestes Maia. Este plano previa o alargamento de ruas e demolição de antigos edifícios (BADARO, 2006, p. 153).
Estas transformações do centro de Campinas levaram ao desaparecimento de quase todas as salas de cinema, como foi o caso do Cine Rink, Cine São Carlos e Cine Repúplica (CARPINTERO, 1996 pp. 63-64). Por consequência, os bairros receberam suas salas de cinema descentralizando esta atividade.
Além destas transformações urbanas, na década de 1950, aconteceu um verdadeiro ‘surto” de cinema em Campinas, caracterizado por produções que ocorreram entre os anos 1949-1957, entre curta e longa-metragem (VASCONCELLOS, 2012, pp. 110 e 111).
No bairro Vila Industrial foram inaugurados dois cinemas: O “Cine Casablanca” localizado na Praça Correia de Lemos, e o “Cine Rex”, sem local conhecido, ambos inaugurados em 1953.
O Cine Casablanca foi inaugurado com o filme “A Serpente de Nilo”. Possuía 1450 lugares e foi vendido para a Prefeitura Municipal de Campinas na década de 1970, para transformá-lo em Teatro (figura 5). O Cine Rex foi inaugurado em 29 de dezembro de 1953, com o filme “Duas Garotas e Um Marujo”, possuía 1130 lugares (EMDEC, on-line).
Pode-se observar nas fotos aéreas do bairro Vila Industrial, na década de 50, as residências anteriormente à instalação do Cine Casablanca (Figura 6). E também, na década de 60, com o referido cinema já existente, e o processo de construção da Escola Estadual Professor Antonio Vilela Junior, de autoria do arquiteto Paulo Mendes da Rocha (Figuras 7 e 8).
Tem-se notícias também de outros dois cinemas de bairro fundados na década de 50, e próximos do bairro Vila Industrial, o “Cine São Jorge”, localizado na avenida das Amoreiras no bairro São Bernardo, e o “Cine Real” localizado na rua Governador Pedro de Toledo, no bairro Bonfim, o que demonstra a expansão urbana, neste período, para a região Sul de Campinas.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
BADARO, Ricardo de Souza Campos. “Campinas: A transição da cidade rural para a cidade industrial”.In: Campinas: Visões de sua História. Campinas: Editora Átomo, 2006.
CARPINTERO, Antonio Carlos Cabral. “Momento de Ruptura: As transformações do centro de Campinas na década dos cinqüenta”. Campinas: Centro de Memória – UNICAMP, Coleção Campiniana, 1996.
EMDEC. Disponível em: http://www.emdec.com.br/hotsites/nossa_cidade/sallesoliveira.html
LAPA, José Roberto do Amaral. “A Cidade os Cantos e os Antros”. São Paulo: Ed. Edusp, 1996.
SESSO JUNIOR, Geraldo. “Retalhos da Velha Campinas”. Campinas: Editora Palmeiras, 1970.
VASCONCELLOS, Mirna. “MIS – Um museu brasileiro – sentidos e fragmentos da cidade e do Museu da Imagem e do Som de Campinas”. Campinas: Editora Pontes, 2012.
Como é lindo saber sobre essas histórias da Vila e dos cinemas da região! Parabéns pelo trabalho!
A história da Vila é muito interessante mesmo
Campinas tem muita historia muito bom saber de todas essa historia pois to morando na Vila Industrial ha tres meses e sempre procuro saber da historia local.
Nasci na vila industrial em 1954, na rua Francisco Theodoro…
Meu pai Luciano Dini , gerenciou por muitos anos a empresa do Cine Casablanca.