A HOSPEDARIA DOS IMIGRANTES NO PATIO FERROVIÁRIO DA VILA INDUSTRIAL
Entre 1882 e 1900 a cidade de Campinas recebe 10.631 imigrantes estrangeiros (BAENINGER; MAIA, 1996, p. 32). Em 1885 chega um grande numero de imigrantes italianos e portugueses (CONDEPACC, Processo de tombamento 01/12).
Este grande numero de imigrantes levou a criação de uma hospedaria provisória, no ano de 1885, no largo Santo Cruz. Lá os imigrantes eram acolhidos, mas como não tinha capacidade para receber uma grande quantidade de imigrantes, muitos perambulavam desorientados pela cidade (CONDEPACC, Processo de tombamento 01/12).
Esta situação provisória levou a Câmara Municipal de Campinas, em 17 de outubro de 1887, a criar uma comissão para construção definitiva da “hospedaria dos imigrantes e seus familiares que eram destinados aos fazendeiros de Campinas e da região” (GATTI, 2018).
“Considerando-se da maior conveniência para os interesses gerais do município a construção de um alojamento que sirva nesta cidade de abrigo confortável aos imigrantes estrangeiros, propôs o sr. José Paulino que esta câmara nomeasse duas comissões incumbidas por subscrição popular capital necessário para a fundação do dito alojamento” (CAMARA MUNICIPAL, 1887).
Em julho de 1890, o então governador do estado de São Paulo, Prudente José de Moraes e Barros, providencia a escolha dos terrenos para a construção dos alojamentos dos imigrantes em Campinas
Em setembro de 1890, fica decidido a construção “do alojamento dos imigrantes nos terrenos de propriedade de Francisco Theodoro, no local denominado de Chácara da Arvore Grande” (GATTI, 2018).
O projeto foi desenvolvido pelos engenheiros Antônio Cândido de Azevedo Sodré, diretor da Delegacia da Inspetoria de Colonização e Terras em São Paulo e José Ribeiro da Silva Pirajá seu auxiliar (GATTI, 2018).
A construção da hospedaria começou em 19 de janeiro de 1891, a partir da licitação e a contratação de Malfatti & Massagli, empresa criada pelo carpinteiro Maurício Malfatti e pelo construtor Giosue (José) Massagli, ambos italianos (GATTI, 2018).
“Maurício Malfatti chega em Campinas para trabalhar como carpinteiro na construção da Igreja Matriz em 1879. O primeiro registro da presença de Giosue Massagli aparece na licitação do prédio do Circolo Italiani Uniti em 1885” (GATTI, 2018).
Pode-se observar na planta da cidade de Campinas a existência de cinco prédios denominados de Immigração, entre a rua Francisco Theodoro que era a divisa dos terrenos das duas companhias de Estrada de Ferro, a Paulista e a Mogiana com o bairro Vila Industrial (Figura 1).
A fachada principal destes edifícios era na direção do pátio ferroviário e a fachada posterior na avenida Salles de Oliveira. As fachadas laterais eram os dois dormitórios: de expedições e de internamento (Figuras 2 e 3).
Possuía uma área de 7935 metros quadrados, inclusive os pátios internos com dois dormitórios com 769 metros e duas enfermarias de 675 metros quadrados por determinação do Ministério da Agricultura, Comercio e Obras Públicas. Ainda fazia parte deste conjunto a administração e o refeitório (Figura 4) (GATTI, 2018).
Aproximadamente 1500 imigrantes foram acolhidos nestes prédios.
Em maio de 1909, a Companhia Mogyana de estradas de Ferro e Navegação adquire vários terrenos e as edificações da hospedaria dos imigrantes para transforma-los em deposito, carpintaria e oficina para construção e reformas de vagões e locomotivas.
É possível observar na planta de 1916 a ampliação da Cia Mogyana no sentido do bairro Vila Industrial, com os edifícios da Imigração (Figura 5) e na planta de 1929, a sua total incorporação dentro dos muros do pátio ferroviário (Figura 6).
Atualmente somente o dormitório de expedição permanece com sua estrutura original (Figura 7).
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
BAENINGER, Rosana & MAIA, Paulo Borlina. “Migração em São Paulo – 1 – Regiao de Governo de Campinas”. Textos NEPO 22, Unicamp, 1992.
CAMARA MUNICIPAL. Ata da Sessão de 17 de outubro de 1887.
CONDEPACC. “Hospedaria dos Imigrantes”. Processo de tombamento 01/12.GATTI, Gilberto. “Hospedaria de Imigrantes de Campinas: A 1a obra do governo federal na cidade”. Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas, abril, 2018
GATTI, Gilberto. “Hospedaria de Imigrantes de Campinas: A 1a obra do governo federal na cidade”. Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas, abril, 2018.
Parabéns pela divulgação dessa matéria, especialmente pelo cuidadoso trato com as imagens dos edifícios e das plantas.
Recentemente publiquei um artigo sobre a Hospedaria de imigrantes de Campinas em um livro organizado por Oswaldo Truzzi, intitulado Migrações internacionais no interior paulista, e lamento não ter conhecido seu trabalho de mestrado na época da pesquisa que realizei, mas certamente em trabalhos futuros estarei incorporando o mesmo.
Obrigado Paulo Teixeira. Fico muito feliz em saber que meu conteúdo foi útil. Gostaria de conhecer seu livro e trabalhos desenvolvidos.
Abraços acadêmicos