HISTORIA DO BAIRRO VILA INDUSTRIAL E SUA RELAÇÃO COM O CENTRO URBANO DE CAMPINAS – PARTE I

HISTORIA DO BAIRRO VILA INDUSTRIAL E SUA RELAÇÃO COM O CENTRO URBANO DE CAMPINAS – PARTE I

Junho 13, 2020 13 Por Ana Villanueva

No dia 5 de fevereiro de 1842, a Vila São Carlos elevou-se à categoria de Cidade, recebendo o nome de Campinas. Nesta ocasião, a indústria açucareira já estava em declínio e alguns moradores começaram a investir nas plantações de café. 

Em 1854, Campinas atinge um número significativo de produção de café, se comparada à quantidade produzida no Vale do Paraíba. O progresso das exportações das safras de café, foi um dos motivos da vinda de um grande número de imigrantes para esta cidade, com o objetivo de procurar novas propostas de emprego (MELLO, 1991, p. 18).

Em 1869, por estatística, publicada pela Câmara Municipal, Campinas contava com 8.000 habitantes, 1400 prédios, 41 ruas, 6 praças, 4 cemitérios, 3 igrejas, 1 teatro, 1 cadeia, 1 hospital e 175 estabelecimentos comerciais (MENDES, 1995). 

Porém, a continuidade do crescimento da cidade e o aumento de sua riqueza esbarravam num problema crucial, o transporte. O café era duramente levado ao porto para sua exportação, através de burros, jegues e mulas, nas pequenas estradas de terra existentes isto significava grandes perdas do produto, assim como morosidade no seu escoamento (RODRIGUES, 1997, p. 40).

A solução desses problemas estava na rápida instalação da estrada de ferro em Campinas. Assim, no dia 11 de agosto de 1872, inaugurava-se a Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Paralelamente, outras companhias ferroviárias surgiram, sendo a mais destacada para a cidade, a Cia. Mogiana, que alugou a estação da Paulista até aproximadamente o ano de 1900, quando construiu sua própria, no bairro Guanabara (RODRIGUES, 1997, p. 41).

A estação da Cia. Paulista foi construída num campo de barba de bode, em local afastado do centro urbano, ao sul. Em 1840, o limite urbano não ultrapassava a área próxima da “matriz nova” (atual Catedral N. Sra da Conceição) e já na planta da cidade de Campinas de 1878, este limite chegava até os trilhos da Cia. Paulista (Figura 1).

Figura 1 – Planta de Campinas de 1878 – Cemitérios na Vila Industrial Tratamento de Imagem: Maneco Silva Inserção de informações: Ana Villanueva 

As ligações entre o núcleo da matriz nova e a estação eram feitas principalmente pelas ruas São José, atual rua 13 de Maio, e da Constituição, atual rua Costa Aguiar (Figura 2) (RODRIGUES, on-line, 2004). 

Figura 2 – Vista aérea de Campinas – A partir da torre da Catedral – Início do séc. XX
Acervo: Museu da Imagem e do Som de Campinas
Coleção: Biblioteca Municipal de Campinas  
Inserção de informações: Ana Villanueva

O bairro da Vila Industrial começou a se formar, no final do século XIX, quando começaram a surgir os “arrabaldes” e “subúrbios” (LAPA, 2008, p.52). 

Por ser uma área fora do perímetro urbano, primeiramente foi instalado o cemitério da cidade (Figura 3), onde atualmente fica o viaduto Miguel Vicente Cury e também o teatro Castro Mendes. 

Figura 3 – Pátio ferroviário e cemitérios – Desenho anterior à 1900.
Acervo: Museu da Imagem e do Som de Campinas
Coleção: Maria Luiza P. de Moura 
Inserção de informações: Ana Villanueva

Os trilhos da ferrovia separaram centro e bairro desde então, até nossos dias. Esta situação tem dois lados, pois ao mesmo tempo que os trilhos constituem uma barreira a ser transposta, por outro lado, o isolamento manteve preservado o aspecto histórico do bairro Vila Industrial.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

LAPA, José Roberto do Amaral. “A Cidade os Cantos e os Antros”. São Paulo: Edusp, 1995. 

MELLO, Fernando Figueira de. Formação Histórica de Campinas: Breve Panorama. In: Subsídio para a discussão do Plano Diretor. Campinas: Prefeitura Municipal, 1991.

MENDES, José de Castro. Efemérides Campineiras 1739-1960.Campinas: Palmeiras, 1963.

RODRIGUES, Ana A. Villanueva. “Preservação como Projeto: Area do pátio ferroviário central das antigas Cia Paulista e Cia Mogiana – Campinas – SP”. São Paulo: Dissertação de Mestrado, FAU-USP, 1997.