OS CORTUMES NA VILA INDUSTRIAL: CANTUSIO E FIRMINO COSTA
Cortume Cantusio:
O fundador do Cortume Cantusio foi Felipe Cantusio, imigrante italiano que chegou ao Brasil no ano de 1895. Ao chegar na cidade de Santos, dirigiu-se à Limeira. Em 1898 trabalhou em um pequeno Cortume na cidade de Tatuí sob a coordenação do belga Paul Tisson (ALVITE, on-line, p. 5).
Em 1900 chegou em Campinas para “trabalhar na Cia. Curtidora Campineira como assistente do mesmo belga” (ALVITE, on-line, p. 5). A Curtidora Campineira ficava na rua do caminho para o Matadouro, atual rua Prudente de Moraes como pode se observar na planta da cidade de Campinas no ano de 1900 (Figura 1).
Felipe Cantusio trabalhou em vários outros Cortumes até fundar o seu próprio em agosto de 1911 primeiramente chamado de “Cortume Paulista” (Figura 2).
O terreno foi comprado pelo valor de 200$000, na Vila Industrial, na antiga rua da Árvore, atualmente rua Dr. Carlos de Campos, com uma construção inicial de 100 m2. No início eram 4 funcionários e um escritório, incluindo Felipe Cantusio (ALVITE, on-line, p. 6).
O local foi escolhido provavelmente devido à sua proximidade com o Matadouro Municipal, e também por ser às margens do córrego Piçarrão.
O Matadouro fornecia para o Cortume parte da matéria-prima “para transformação em solados fornecidos à indústria calçadista, além de ‘vaquetas’, ‘sebos’ e ‘aparas’, conforme Cadastro Industrial de 1974/75, além de suprir a demanda das curtidoras da cidade” (ANDREOTTI, 2015, p. 139).
Em 1916, O Sr Felipe Cantusio contraiu sociedade com o Sr. Vicente De Angelis passando a firma a denominar-se Cantusio & de Angelis, até 1926 quando foi desfeito o contrato GARCIA FILHO; OLIVEIRA; TULLIO SOBRINHO, 1939)
Em 1926 o “Cortume Paulista” foi chamado de “R. Cantusio”, sob a direção de Roberto, Augusto, José e Ângelo Cantusio. Em 1926 houve uma grande ampliação sendo acrescidos 8.000 m2 de construção em dois pavimentos (ALVITE, on-line, p. 10), e consta da planta da cidade de Campinas de 1939 (Figura 3).
No ano de 1938 recebeu a denominação de “Cortume Cantusio S/A”. E a partir de 1939 começou a exportar seus produtos para a Inglaterra, França, EUA, Austrália, Finlândia, Holanda, Suécia, Ale- manha, África do Sul, Itália, Taiwan, Coréia do Sul, Hong Kong, Singapura, etc… (CATALOGO, década de 80) (Figura 4).
Ainda no ano de 1938 recebeu um projeto de ampliação a cargo de eng. H. N. Segurado (ANDREOTTI, 2015, p. 139). Em 1939 pode-se observar o Cortume com sua fisionomia arquitetônica próxima da situação atual, com mudanças de esquadrias (Figuras 5, 6 e 7)
Na década de 1990, começa o encerramento das atividades industriais. Em 1994, a Prefeitura de Campinas promove o evento “Sinfonia e Memória” com a Orquestra Sinfônica Municipal se apresentando no edifício (Figuras 8 e 9).
Em 2008 foi aberto o processo de tombamento n. 8 pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio – CONDEPACC, tendo sido tombado definitivo no ano de 2011.
Cortume Firmino Costa:
Inicialmente foi fundado como Cortume Brasil e posteriormente passou a se chamar Cortume Firmino Costa. Na década de 40 passou por obras e ganhou uma ponte de ligação com os prédios (PEREIRA, on-line, 2014).
Mantendo-se no local original, o conjunto foi construído em diversas épocas. A área, cortada pelo Córrego do Piçarrão, sempre foi problemática em relação às inundações. Foi desativado em 1996 (ANDREOTTI, 2015, p. 140).
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALVITE, Laci de Carvalho. “A agro-indústria de Campinas: um estudo de caso – o curtume cantusio”. Prefeitura Municipal de Campinas. Disponível em: https://www.iau.usp.br/sspa/arquivos/pdfs/papers/02515.pdf
ANDREOTTI, Maria Beatriz. “Vestígios Industriais em Campinas: deslocamento produtivo e patrimônio industrial”.Campinas: Dissertação (mestrado), UNICAMP, IFCH, 2015.
“Campinas de ontem e de hoje”. Campinas: Empresas Lix da Cunha, 1988.
CATÁLOGO do Cortume Paulista – ed. Comemorativa dos 75 anos do Cortume década de 80. In: ALVITE, Laci de Carvalho. A agro-indústria de Campinas: um estudo de caso – o curtume cantusio. Prefeitura Municipal de Campinas. Disponível em: https://www.iau.usp.br/sspa/arquivos/pdfs/papers/02515.pdf
CONDEPACC. Resolução 121 de 02/04/2012 de tombamento do Curtume Cantusio. Disponível em: https://bibliotecajuridica.campinas.sp.gov.br/index/visualizaratualizada/id/86214. Acesso em 12/02/2015.
GARCIA FILHO, José; OLIVEIRA, Aguinaldo Pinto; TULLIO SOBRINHO, Pompêo (organizadores). “Campinas… O passado”. Campinas: Album de Campinas, Tipografia Comercial Ltda, novembro 1939.
PEREIRA, Fernanda Cristina Vieira. “Os cortumes de Campinas”. Camaléo, 2014. Disponível em: https://pt.calameo.com/books/00409261113cb0858b73e
RODRIGUES, Ana A. Villanueva. “Preservação como Projeto. Area do pátio central das antigas Cia. Paulista e Cia. Mogiana – Campinas – SP”. São Paulo: Dissertação (mestrado), FAU – USP, 1997.
Acho aquele predio lindo.
Sempre tive vontade de entrar la dentro
Ver o que a de historia apesar do tempo
Silvia Helena, vale a pena conhecer por dentro, é impressionante
Morri na rua de frente com a do cortume cantusio desde criança ,lembro
ainda do som do apito ,os funcionários indo ,e saindo do trabalho, meus 2 irmãos trabalharam lá . .Que pena que foi desativado os. dois curtumes Felipe Cantusio ,e Firmino Costa
Gostei das informações. Não entendi “morri”
Trabalhei no Cortume Cantusio como “guardinha” (menor aprendiz), no ano de 1975. O setor de couros salgados, éra o maior desafio para os iniciantes, pois tinha um cheiro muito forte, de carne em decomposição. O patrão, era o Sr Augusto Cantusio; um homem sereno e muito educado. Eu levava documentos em sua sala, para ele assinar e, gostava muito de estar diante de um homem rico, porém muito atencioso e extremamente educado. Eu admirava muito sua caligrafia, que era perfeita. Consigo ver em minha mente, ele assinando os documentos. Quantas saudades.
Passei minha infância e adolescência morando na Vila Industrial.
Sinto muito orgulho daquele grande bairro.
Brinquei muito em frente aos curtumes.
Tinha um cheiro muito forte de couro sendo tratado.
Tempos felizes.Ninguem reclamava de nada. Nem do cheiro…
Gostaria de corrigir a palavra Cortume.
Desculpa .Bati a letra errada.
Desde criança ouvi muitas histórias sobre o Cortume Cantúsio, pois sou neta do fundador, Felipe Cantúsio.. Estas histórias foram contadas pela minha mãe Helena Cantúsio Stocco. e por suas irmãs e irmãos (09 filhos). Tenho saudades de quando íamos ao Cortume, onde éramos recebidos por nossos queridos tios. e sempre acompanhados de u bom café. Me lembro também que a propaganda entre lápis, réguas e canetinhas dizia assim:
“Pise com sola de couro e goze saúde”, velhos tempos, belos dias que mão voltam mais.
O nome de batismo do meu avô era FELIPPO, que acabou se abrasileirando para FELIPE.
Que linda história Vera. Obrigada pela contribuição neste site. Não sabia do nome Felippo do seu avô. Se tiver alguma foto que possa publicar aqui ficarei feliz em inserir no texto. Obrigada.