OS CORTUMES NA VILA INDUSTRIAL: CANTUSIO E FIRMINO COSTA

OS CORTUMES NA VILA INDUSTRIAL: CANTUSIO E FIRMINO COSTA

Julho 30, 2020 9 Por Ana Villanueva

Cortume Cantusio: 

O fundador do Cortume Cantusio foi Felipe Cantusio, imigrante italiano que chegou ao Brasil no ano de 1895. Ao chegar na cidade de Santos, dirigiu-se à Limeira. Em 1898 trabalhou em um pequeno Cortume na cidade de Tatuí sob a coordenação do belga Paul Tisson (ALVITE, on-line, p. 5). 

Em 1900 chegou em Campinas para “trabalhar na Cia. Curtidora Campineira como assistente do mesmo belga” (ALVITE, on-line, p. 5).  A Curtidora Campineira ficava na rua do caminho para o Matadouro, atual rua Prudente de Moraes como pode se observar na planta da cidade de Campinas no ano de 1900 (Figura 1). 

Figura 1 – Planta da Cidade de Campinas de 1900. Cortume Campineiro
Tratamento de imagem: Maneco Silva 
Inserção de dados: Ana Villanueva 

Felipe Cantusio trabalhou em vários outros Cortumes até fundar o seu próprio em agosto de 1911 primeiramente chamado de “Cortume Paulista” (Figura 2). 

Figura 2 – Cortume Paulista, ano de 1911
Acervo original: Leda Cantusio
Acervo reprodução: Ana Villanueva – Dissertação de mestrado – 1997 
Foto reprodução: Pedro Joly – 1992  
Tratamento de imagem: Maneco Silva

O terreno foi comprado pelo valor de 200$000, na Vila Industrial, na antiga rua da Árvore, atualmente rua Dr. Carlos de Campos, com uma construção inicial de 100 m2. No início eram 4 funcionários e um escritório, incluindo Felipe Cantusio (ALVITE, on-line, p. 6). 

O local foi escolhido provavelmente devido à sua proximidade com o Matadouro Municipal, e também por ser às margens do córrego Piçarrão. 

O Matadouro fornecia para o Cortume parte da matéria-prima “para transformação em solados fornecidos à indústria calçadista, além de ‘vaquetas’, ‘sebos’ e ‘aparas’, conforme Cadastro Industrial de 1974/75, além de suprir a demanda das curtidoras da cidade” (ANDREOTTI, 2015, p. 139).  

Em 1916, O Sr Felipe Cantusio contraiu sociedade com o Sr. Vicente De Angelis passando a firma a denominar-se Cantusio & de Angelis, até 1926 quando foi desfeito o contrato GARCIA FILHO; OLIVEIRA; TULLIO SOBRINHO, 1939)

Em 1926 o “Cortume Paulista” foi chamado de “R. Cantusio”, sob a direção de Roberto, Augusto, José e Ângelo Cantusio. Em 1926 houve uma grande ampliação sendo acrescidos 8.000 m2 de construção em dois pavimentos (ALVITE, on-line, p. 10), e consta da planta da cidade de Campinas de 1939 (Figura 3). 

Figura 3 – Planta da Cidade de Campinas de 1929 – Cortume Paulista e Cortume Campineiro 
Tratamento de imagem: Maneco Silva
Inserção de dados: Ana Villanueva 

No ano de 1938 recebeu a denominação de “Cortume Cantusio S/A”. E a partir de 1939 começou a exportar seus produtos para a Inglaterra, França, EUA, Austrália, Finlândia, Holanda, Suécia, Ale- manha, África do Sul, Itália, Taiwan, Coréia do Sul, Hong Kong, Singapura, etc… (CATALOGO, década de 80) (Figura 4). 

Figura 4 – Foto interna do Cortume Cantusio, sem data 
Acervo original: Leda Cantusio
Acervo reprodução: Ana Villanueva – Dissertação de mestrado – 1997 
Foto reprodução: Pedro Joly – 1992 
Tratamento de imagem: Maneco Silva

Ainda no ano de 1938 recebeu um projeto de ampliação a cargo de eng. H. N. Segurado (ANDREOTTI, 2015, p. 139). Em 1939 pode-se observar o Cortume com sua fisionomia arquitetônica próxima da situação atual, com mudanças de esquadrias (Figuras 5, 6 e 7) 

Figura 5 – Foto Fachada do Cortume Cantusio, ano de 1939 
Fonte: GARCIA FILHO, José; OLIVEIRA, Aguinaldo Pinto; TULLIO SOBRINHO, Pompêo (organizadores). “Campinas… O passado”. Campinas: Album de Campinas, Tipografia Comercial Ltda, novembro 1939.
Tratamento de imagem: Maneco Silva
Figura 6 – Foto Fachada do Cortume Cantusio, década de 40 Acervo original: Leda Cantusio 
Acervo reprodução: Ana Villanueva – Dissertação de mestrado – 1997 
Foto reprodução: Pedro Joly – 1992 
Tratamento de imagem: Maneco Silva
Figura 7 – Foto Fachada do Cortume Cantusio, 1988
Fonte: “Campinas de ontem e de hoje”. Campinas: Empresas Lix da Cunha, 1988.
Acervo reprodução: Ana Villanueva – Dissertação de mestrado – 1997 

Na década de 1990, começa o encerramento das atividades industriais. Em 1994, a Prefeitura de Campinas promove o evento “Sinfonia e Memória” com a Orquestra Sinfônica Municipal se apresentando no edifício (Figuras 8 e 9). 

Figura 8 – Foto interna do Cortume Cantusio, 1994
Foto: Ana Villanueva
Tratamento de imagem: Maneco Silva
Figura 9 – Foto interna do Cortume Cantusio, 1994
Foto: Ana Villanueva
Tratamento de imagem: Maneco Silva

Em 2008 foi aberto o processo de tombamento n. 8 pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio – CONDEPACC, tendo sido tombado definitivo no ano de 2011. 

Cortume Firmino Costa: 

Inicialmente foi fundado como Cortume Brasil e posteriormente passou a se chamar Cortume Firmino Costa. Na década de 40 passou por obras e ganhou uma ponte de ligação com os prédios (PEREIRA, on-line, 2014). 

Mantendo-se no local original, o conjunto foi construído em diversas épocas. A área, cortada pelo Córrego do Piçarrão, sempre foi problemática em relação às inundações. Foi desativado em 1996 (ANDREOTTI, 2015, p. 140).  

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

ALVITE, Laci de Carvalho. “A agro-indústria de Campinas: um estudo de caso – o curtume cantusio”. Prefeitura Municipal de Campinas. Disponível em: https://www.iau.usp.br/sspa/arquivos/pdfs/papers/02515.pdf

ANDREOTTI, Maria Beatriz. “Vestígios Industriais em Campinas: deslocamento produtivo e patrimônio industrial”.Campinas: Dissertação (mestrado), UNICAMP, IFCH, 2015.

“Campinas de ontem e de hoje”. Campinas: Empresas Lix da Cunha, 1988.

CATÁLOGO do Cortume Paulista – ed. Comemorativa dos 75 anos do Cortume década de 80. In: ALVITE, Laci de Carvalho. A agro-indústria de Campinas: um estudo de caso – o curtume cantusio. Prefeitura Municipal de Campinas. Disponível em: https://www.iau.usp.br/sspa/arquivos/pdfs/papers/02515.pdf

CONDEPACC. Resolução 121 de 02/04/2012 de tombamento do Curtume Cantusio. Disponível em: https://bibliotecajuridica.campinas.sp.gov.br/index/visualizaratualizada/id/86214. Acesso em 12/02/2015.

GARCIA FILHO, José; OLIVEIRA, Aguinaldo Pinto; TULLIO SOBRINHO, Pompêo (organizadores). “Campinas… O passado”. Campinas: Album de Campinas, Tipografia Comercial Ltda, novembro 1939.

PEREIRA, Fernanda Cristina Vieira. “Os cortumes de Campinas”. Camaléo, 2014. Disponível em: https://pt.calameo.com/books/00409261113cb0858b73e

RODRIGUES, Ana A. Villanueva. “Preservação como Projeto. Area do pátio central das antigas Cia. Paulista e Cia. Mogiana – Campinas – SP”. São Paulo: Dissertação (mestrado), FAU – USP, 1997.